terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Caos.

O tremor no corpo, as lágrimas involuntárias, uma dor súbita, uma eventualidade, uma música, um sentimento, um livro, um filme, o cair da chuva, o balançar do vento, um sorriso, um bom dia, um gesto de compaixão, o ódio, a tristeza, a esperança, uma dança, uma escolha, uma mudança...

Todas as condições acima levam a um estado máximo de desordem, e podem provocar uma situação de conforto ou desconforto. Na verdade, não importa para onde levam nem o que pode acontecer, mas sim quem você será ao sair destas experiências.

Você é o imprevisível e, por isso, perde o encanto ao ser descrito.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Renovação.

Queria te dizer que a porta permanece aberta e aquela olhar furtivo ainda compõe o meu rosto. As minhas pernas querem percorrer caminhos distantes, mas o meu coração insiste em viver no mundo que construímos. A vida já não está do mesmo lado e não acredite que ela vá ficar algum dia. O próximo ano virá, assim como a primavera de Cecília. Junto com ele novas possibilidades de continuarmos nos afastando. Vai ver é aí onde a beleza se esconde. Não há necessidade de se viver o mesmo, querendo sempre insistir em uma vida que respira desordem.
Poderia refletir sobre as maravilhas deste ano e as angústias do próximo, mas não. Dessa vez vamos falar do tempo. Da chuva que insiste em cair, mesmo quando o clima está festivo. Ou mesmo do sabor contido no azul do céu, misturado com o amarelo manga do sol.
Queria te dizer que eu permaneço com o sentimento de mudar, mas não mais o mundo. A mudança é de dentro pra fora. Os meus ouvidos ainda ouvem as mesmas músicas, mas as sensações que elas provocam mudam a cada audição.
E quando acontecer um novo encontro vou te contar sobre os tons e as melodias que escolhi para continuar minha vida, só para que você entenda que essa nova alma não pode ser julgada. É apenas o meu jeito de renovar com a vida.

[Sou uma inescrupulosa abandonadora de almas]

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"de esquecer para lembrar."

"(...)Todos os pontos do céu naquela noite já indicavam o que era incerto. Mas, ela insiste...
Dormir junto, acordar junto, maior intimidade que existe, mas nem garante conhecimento profundo um do outro.
E a vida segue adiante...
Nem tem como pedir socorro pro seu bando ou festa ou droga predileta... Solidão chegou, te guentou, é...E é direta.
Não como inúmeros diálogos que precedem o fim. Nem como desculpas pra explicar que já nem tá mais afim...
Aí , plano de futuro vira passado(...)

(Lurdez da Luz - Saudade)

Amém.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

meio.

“(...)a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais (...) Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.”

(Perto do Coração Selvagem, Clarice querida)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pré-versão.

Já é certo que nunca foi possível entender o destino...
Bem que ele poderia funcionar como uma pousada, onde passaria algumas noites, sem nenhum compromisso. Ou então poderia se achegar através de moradias sólidas.
Mas o destino insiste em ser um nômade de vida aleatória e um bocado pervertido.
Sem residência fixa, ele vai e volta como uma roleta russa e sem nenhuma piedade.


"O coração, se pudesse pensar, pararia.

Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.

Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também". (Livro do desassossego)


* O destino é um eterno desagarro.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Prazeres

Palavra pequena que sussurra pra sair...

...

Palavra cantada que explode em melodia...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lá vem o pato...

Aí um dia o sol chega e, ao invés de esquentar a pele, prejudica a visão.


"Foi então que compreendi a significação mágica do círculo. Quando nos afastamos da fila ainda podemos voltar a ela. A fila é uma formação aberta. Mas o círculo torna a se fechar e nós o deixamos sem retorno. Não é por acaso que os planetas se movem em círculo e que a pedra que se desprende de um deles afasta-se inexoravelmente, levada pela força centrífuga. Semelhante ao meteorito arrancado de um planeta, eu saí do círculo e, até hoje, não parei de cair. Existem pessoas a quem é dado morrer no turbilhão e existem outras que se arrebentam no fim da queda. E estes outros (entre os quais estou) guardam sempre consigo uma tímida nostalgia da roda perdida, porque somos todos habitantes de um universo onde todas as coisas giram em círculo".
(Livro do Riso e do Esquecimento; Kundera, Milan)